Em um contexto histórico nacional-desenvolvimentista, a cidadania era restrita à classe trabalhadora urbana integrada ao mercado de trabalho formal. Este cenário resultou na exclusão de atores (trabalhadores informais, domésticos e rurais) e temas (meio ambiente e religião).

Porém, a partir da convergência da redemocratização com o neoliberalismo progressista no Brasil, foi possível incluir novos grupos sociais subalternos à cidadania, e novos temas na agenda do debate público, como a questão ambiental e o pluralismo religioso. Isso possibilitou uma pluralização da representação política e governanças inovadoras nas políticas públicas. Entretanto, a expansão dos direitos de cidadania, no contexto pós-nacional, encontrou limitações importantes, como a precarização do mercado de trabalho, a desindustrialização e o neoextrativismo.

Considerando uma reconfiguração pós-neoliberal da sociedade e da economia, o desenvolvimento de novos direitos de cidadania terá que levar em consideração o surgimento de questões contemporâneas como: regulamentação dos trabalhos em plataforma, construção de um sistema nacional de cuidados, transição ecológica, reconfiguração da sociedade civil e das comunidades políticas, novas formas de representação por meio da sociabilidade digital, o desafio da integração democrática dos setores evangélicos após a ascensão da extrema direita, entre outros.